1 de outubro de 2009

Post da libertação / Carta ao Johnny



Pensei muito antes de enviar este texto e por isto ele está algumas horas atrasado...
Mas agora que já enviei pros meus colegas e chefes ele está aqui pra qualquer um que quiser ler..

Hoje vou embora da BAND.
Depois de nove anos de trabalho nesta empresa, peço demissão para cuidar de projetos pessoais.
Agradeço o tempo de casa, a paciência dos meus chefes, colegas e subordinados. Todos foram muito companheiros e alguns amigos.
Juntos, passamos por diversas dificuldades e alegrias. Tivemos bons e maus momentos, mas sempre tentamos fazer o melhor. Mentira. Isto mesmo, pois em muitos momentos tivemos muita raiva de estar fazendo a coisa errada e saber disto.

Durante todos estes anos percebi muitos jeitos de fazer televisão e acho que na maior parte do tempo só falta vontade de fazer. Querer ter audiência. Querer fazer uma boa TV. Não é falta de dinheiro, pois algumas ações simples dobrariam a audiência de alguns programas.

Fingir que estamos no jogo não é o bastante. Temos que lutar de verdade e não vender horário nobre para qualquer religioso.

Valorizar a empresa proporcionando seu crescimento.

O trabalhador deve sentir orgulho da empresa. Pelo potencial que ela tem. E não só por uma bela festa por ano.

Para fazer uma TV nova é preciso valorizar o profissional que trabalha aqui. Gente que dá o sangue e carrega a TV nas costas. O tempo todo nadando contra a corrente e trabalhando uns contra os outros. Gente que tem que ficar pedindo favores para conseguir funcionar. Pergunte a qualquer um em qualquer cargo e ele ou ela poderá dizer: Não temos nenhuma estrutura e um exagero de burocracia e chefes. Reuniões inúteis onde não decidimos nada e o que se decide é perdido na burocracia.

É incrível, terrível e imbecil que a grande maioria dos programas fique repetindo velhas fórmulas. Gastando muito dinheiro errado. Comprando equipamento errado. Contratando pessoas erradas. Incompetência total, desleixo e falta de perspectiva de crescimento profissional financeiro e de audiência.

A BAND está longe do 1° lugar e do 2° também. O que permite uma série de mudanças, pois não tem compromisso com a audiência. É a vantagem em relação aos concorrentes que não é aproveitada para criar coisas novas.
Poderia ser uma TV nova e diferente dos padrões atuais. Uma nova forma de entretenimento, um novo olhar. Bem pretensioso, não é? Mas não sou eu que vou fazer isso não... A pretensão é um presente que deixo aqui pra vocês.. Vocês podem se livrar do orgulho e tentar fazer realmente o novo.

Em tempos de Internet, de TV no celular, Twitter, Youtube, 12 seconds... O que a BAND está fazendo? Contratando o Marcelo Rezende? A Adriana Galisteu? Pra fazer os mesmos velhos programas... Que loucura!! E aposto que eles são muito mais capazes do que os programas permitem..

Contratar a Daniela Cicarelli pra fazer um programete estúpido e colocá-la na geladeira ao invés de um bom jornal com Boechat. Onde ela fizesse o papel do povo. (“Não entendi essa notícia. Como assim? Me explica?”) Tudo sério mas melhor explicado. Nada de tentar copiar a Globo. Ideias não faltam. Falta é coragem. Contratar a Daniela e dar um programa idiota pra ela é como contratar um craque como o Kaká pra jogar no gol do seu time e depois deixar o cara na reserva reclamando que ele não serviu para aquela posição. Mas é lógico... Ele é atacante e não goleiro.

A BAND tem muito para crescer:
A Internet é quase virgem inexplorada.
A tecnologia é uma brincadeira de criança e não se deve investir em equipamentos ultrapassados como é feito hoje em dia. Dinheiro jogado fora.
O que gera mídia para um programa de TV é o inusitado. O telespectador quer ser chocado, no bom sentido, e ver coisas que nunca viu. E estou falando de coisas novas. Não adianta comprar mais “vídeos incríveis”.
Ações de marketing diferenciadas. Festival de cinema na TV. Curtas-metragens. Reality shows. TV mundial via Internet. Programas de dois minutos para serem vistos em qualquer lugar.
Investir na base. Respeito e valorização.
Contratar os muito jovens.
Contratar pessoas que gostem de TV. Que possam fazer uma TV nova.

Boa sorte ao Johnny Saad: Que ele pare de trocar de chefes e troque de postura. Você tem o poder aqui, então pelo amor de Deus faça alguma coisa. Se tiver medo de arriscar é só continuar na caixinha. O dinheirinho continua entrando e fica-se com uma TVzinha. Vendendo horário para o bispo.

Boa sorte ao chefe do momento: Pelo menos este tem mais gás e entende do riscado.

E para finalizar, peço desculpas aos que ofendi durante o período que aqui fiquei. E aos que ofendi agora. E que sinceramente, mereciam uma pancada maior pra ver se acordam.

Sei que não é um bom texto e que nem chega perto de tocar em algumas feridas, mas quem quer saber disto? Nem o Johnny... E agora nem eu... (só se eu fosse o Hélio Vargas..rs).. (O novo chefe na época..)

Se quiser me contratar pra fazer algo novo é só me ligar.

Se quiser me processar, vá em frente.

Mas é claro que o melhor mesmo é deixar como está e em 5 minutos ninguém vai lembrar mais. O barco vai continuar no curso.

Abraço a todos.




Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo com tudo e mais um pouco..