18 de janeiro de 2014

Rolezinho no Shopping



Nós marcamos um rolezinho no Shopping I­­guatemi.. Eu e meus amigos convidamos to­dos os amigos e amigos dos amigos, umas trezentas pessoas..
Combinamos de entrar separados e sem alarde. (Porque é muita burrice querer entrar num shopping todos ao mesmo tempo, ou cantando marchas de protesto.. isso é rolê de pobre..)
Cada um com seu carro (geralmente um SUV que ocupa duas vagas) chegou de mansinho por volta das duas da tarde.
Os seguranças estavam de prontidão na porta para tentar barrar a entrada dos pobres então foi ainda mais fácil estacionar nossos Mercedes e BMWs.
Depois que todos, ou quase todos (alguns vieram de helicóptero para se exibir e provocaram um pequeno congestionamento) desembarcaram com seus seguranças e babás, nos juntamos e fomos zoar na primeira loja da lista. Ficou decidido que as mulheres comprariam perfumes e nós sapatos na primeira investida, pois demoraria muito se fosse o contrário.
Dá pra imaginar o desespero dos vendedores com cento e poucos homens pedindo sapatos ou gravatas – Essa é de linho? Você tem certeza?  Minha mulher odeia gravatas que não são de linho.. – Eu só uso couro de avestruz? – Esse é feito com o couro de Mangalitsa.. Tendo que encontrar os tamanhos e receber dezenas de pagamentos com cartão de crédito e cheques sem fundo. Não sobrou nem um par do mocassim da moda número 42 e alguns ainda ficaram sem.
E na loja em que estavam as mulheres o caos causado pelas esposas, namoradas e amantes todas falando ao mesmo tempo e exigindo mais atenção das vendedoras esnobes foi ainda pior. Compraram perfumes e cremes em quantidades que dariam para besuntar baleias. Nem que elas vivessem cem anos daria tempo de consumir aquilo tudo.
Algumas amantes que nem tinham sido convidadas souberam pelo Feicebuque e encheram a despensa com maquiagem e perfumes pagos pelos cartões de crédito dos maridos que não eram delas.
Não que as esposas tenham se comportado muito melhor (ao menos as amantes pagaram..) Alicinha Costa do Rego Monteiro, por exemplo, subtraiu da Tiffany um anel de mais de cinquenta mil, enquanto seu ex-marido distraia a vendedora comprando um colar de novecentos para a jovem nova mulher. Mas claro, os casos de cleptomania são poucos e ninguém se preocupa com pequenos furtos quando a loja está vendendo milhões.

Pena que na hora da Champanhe com caviar descobrimos que não existe um bom restaurante com mesas para trezentas pessoas. Alguns tivemos que ficar em pé, na porta do bar abarrotado consumindo nossas Cristal e arrotando nosso beluga.