Nós
marcamos um rolezinho no Shopping Iguatemi.. Eu e meus amigos convidamos todos
os amigos e amigos dos amigos, umas trezentas pessoas..
Combinamos
de entrar separados e sem alarde. (Porque é muita burrice querer entrar num
shopping todos ao mesmo tempo, ou cantando marchas de protesto.. isso é rolê de pobre..)
Cada um com
seu carro (geralmente um SUV que ocupa duas vagas) chegou de mansinho por volta
das duas da tarde.
Os
seguranças estavam de prontidão na porta para tentar barrar a entrada dos
pobres então foi ainda mais fácil estacionar nossos Mercedes e BMWs.
Depois que
todos, ou quase todos (alguns vieram de helicóptero para se exibir e provocaram
um pequeno congestionamento) desembarcaram com seus seguranças e babás, nos
juntamos e fomos zoar na primeira loja da lista. Ficou decidido que as mulheres
comprariam perfumes e nós sapatos na primeira investida, pois demoraria muito
se fosse o contrário.
Dá pra
imaginar o desespero dos vendedores com cento e poucos homens pedindo sapatos
ou gravatas – Essa é de linho? Você tem certeza? Minha mulher odeia gravatas que não são de
linho.. – Eu só uso couro de avestruz? – Esse é feito com o couro de
Mangalitsa.. Tendo que encontrar os tamanhos e receber dezenas de pagamentos
com cartão de crédito e cheques sem fundo. Não sobrou nem um par do mocassim da
moda número 42 e alguns ainda ficaram sem.
E na loja
em que estavam as mulheres o caos causado pelas esposas, namoradas e amantes todas
falando ao mesmo tempo e exigindo mais atenção das vendedoras esnobes foi ainda
pior. Compraram perfumes e cremes em quantidades que dariam para besuntar
baleias. Nem que elas vivessem cem anos daria tempo de consumir aquilo tudo.
Algumas
amantes que nem tinham sido convidadas souberam pelo Feicebuque e encheram a
despensa com maquiagem e perfumes pagos pelos cartões de crédito dos maridos
que não eram delas.
Não que as
esposas tenham se comportado muito melhor (ao menos as amantes pagaram..)
Alicinha Costa do Rego Monteiro, por exemplo, subtraiu da Tiffany um anel de
mais de cinquenta mil, enquanto seu ex-marido distraia a vendedora comprando um
colar de novecentos para a jovem nova mulher. Mas claro, os casos de
cleptomania são poucos e ninguém se preocupa com pequenos furtos quando a loja
está vendendo milhões.
Pena que na
hora da Champanhe com caviar descobrimos que não existe um bom restaurante com
mesas para trezentas pessoas. Alguns tivemos que ficar em pé, na porta do bar
abarrotado consumindo nossas Cristal e arrotando nosso beluga.