nobrusco: setembro 2018

11 de setembro de 2018

Van Gogh russo

Van Gogh, Starry Night (pintura), Junho 1889, New York Museum of Modern Art, USA / Bridgeman Images

Vincent fez o desenho em 1889 no asilo de Saint-Paul-de-Mausole para enviar a Theo, em Paris, para dar a seu irmão uma ideia de sua pintura da Noite Estrelada, que ele acabara de concluir.
O desenho feito para Theo foi doado ao Kunsthalle Bremen em 1918, mas foi perdido durante o caos da Segunda Guerra Mundial.
Foi apreendido em um castelo alemão por Victor Baldin, um oficial do Exército Vermelho que o levou de volta à União Soviética em um trator.
Durante décadas permaneceu escondido e foi registrado no catálogo de Van Gogh como “perdido”.

Em 5 de julho de 1945, Baldin estava no Castelo Schloss Karnzow (a 80 km de Berlim) quando seus colegas do Exército Vermelho movimentaram um guarda-roupa e descobriram por trás dele uma parede de tijolos. Depois que a passagem foi aberta, as escadas levaram para um porão.

Baldin juntou-se à multidão que desceu correndo as escadas, onde encontrou seus camaradas rasgando caixas abertas de desenhos.

Esses foram os milhares de desenhos de Bremen que haviam sido evacuados para salvá-los do bombardeio aliado. Ele rapidamente pegou o que podia, em um esforço desesperado para resgatá-los. A maior parte do resto da coleção parece ter desaparecido.
Baldin colocou 364 desenhos - incluindo a Noite Estrelada - em sua mala. Poucos dias depois, ele foi encarregado de organizar uma marcha forçada de "traidores" do Exército Vermelho que haviam sido capturados pelos nazistas e coagidos a lutar pela Alemanha. Esses homens foram obrigados a caminhar mais de mil quilômetros até a União Soviética.

Quando Baldin chegou à sua casa em Zagorsk, ele abriu a mala pela primeira vez. "Eu simplesmente não conseguia acreditar no que eu tinha", ele disse. Junto com o Van Gogh estavam obras de Dürer, Veronese, Van Dyck, Rembrandt, Tiepolo, Degas e Toulouse-Lautrec.

Baldin manteve os desenhos em casa por três anos e depois os entregou ao Museu de Arquitetura Russa, onde trabalhou como jovem curador. Ele achava que as obras de arte deveriam ser cuidadas por um museu. Em 1963, quando Baldin foi promovido a diretor do museu, ele achou que os desenhos deviam ser devolvidos a Bremen - mas isso teria sido impossível durante a Guerra Fria.

Até hoje o desenho está na Russia.

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